quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PROFERIDO ESTÁ 07


Milton Santos:
O Brasil, pelas suas condições particulares desde meados do século 20, é um dos países onde essa famosa indústria cultural deitou raízes mais fundas e por isso mesmo é um daqueles onde ela, já solidamente instalada e agindo em lugar da cultura nacional, vem produzindo estragos de monta. Tudo, ou quase, tornou-se objeto de manipulação bem azeitada, embora nem sempre bem-sucedida. O Brasil sempre ofereceu, a si mesmo e ao mundo, as expressões de sua cultura profunda através do talento dos seus pintores e músicos e poetas, como de seus arquitetos e escritores, mas também dos seus homens de ciência, na medicina, nas engenharias, no direito, nas ciências sociais. Hoje, a indústria cultural aciona estímulos e holofotes deliberadamente vesgos e é preciso uma pesquisa acurada para descobrir que o mundo cultural não é apenas formado por produtores e atores que vendem bem no mercado. Ora, este se auto-sustenta cada vez mais artificialmente mantido, engendrando gênios onde há medíocres (embora também haja gênios) e direcionando o trabalho criativo para direções que não são sempre as mais desejáveis. Por estar umbilicalmente ligada ao mercado, a indústria cultural tende, em nossos dias, a ser cada vez menos local, regional, nacional. Nessas condições, é frequente que as manifestações genuínas da cultura, aquelas que têm obrigatoriamente relação com as coisas profundas da terra, sejam deixadas de lado como rebotalho ou devam se adaptar a um gosto duvidoso, dito cosmopolita, de forma a atender aos propósitos de lucro dos empresários culturais. Mas cosmopolitismo não é forçosamente universalismo e pode ser apenas servilidade a modelos e modas importados e rentáveis.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PROFERIDO ESTÁ 06


Arthur Rimbaud, em Iluminuras:

Tu te pões a trabalhar: todas as possibilidades harmônicas e arquiteturais vão se comover ao redor de tua cadeira. Seres perfeitos, imprevisíveis, vão se oferecer às tuas experiências. Em tuas imediações, fluirão em sonhosa curiosidade das antigas multitudes e luxos ociosos. Tua memória e teus sentidos serão o único alimento de teu impulso criativo.
Quanto ao mundo, quando tu saíres, o que ele será? Em todo o caso, nada dessas aparências atuais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

DICAS DA SEGUNDA 06


Em pé, abra as pernas*. Encaixe as mãos nas virilhas, de forma que cada mão segure a parte interna de uma das coxas. Flexione levemente os joelhos. Engula a saliva que estiver na boca. Assim como está, caminhe até um espelho. Observe o caminhar. Em frente ao espelho abra bem os olhos e escancare a boca, colocando a língua para fora. Mantenha-se assim até não mais conseguir segurar gargalhada. Enquanto ri, desmonte a posição e, ainda em frente ao espelho, relaxe por uns momentos balançando o corpo, feito joão-bobo. Saia da frente de espelho e dê uma volta pelo ambiente, observando-se. Volte para o espelho e inspire profundamente. Retenha o ar enquanto conta mentalmente até 21. No 22 solte o ar dizendo, para sua imagem no espelho: Eu ein? Tem cada maluco neste planeta! De um tchauzinho para si mesmo e, vivas!, comece seja lá o que for. 

* Se preferir (e puder), antes, dispa-se completamente.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PROFERIDO ESTÁ 05


Friedrich Wilhelm Nietzsche, em Além do Bem e do Mal:

A independência é o privilégio dos fortes, da reduzida minoria que tem o calor de se autoafirmar. E aquele que trata de ser independente, sem estar obrigado a isso, mostra que não apenas é forte, mas também possuidor de uma audácia imensa. Aventura-se num labirinto, multiplica os mil perigos que implica a vida; se isola e se deixa arrastar por algum minotauro oculto na caverna de sua consciência. Se tal homem se extinguisse, estaria tão longe da compreensão dos homens que estes nem o sentiriam nem se comoveriam em absoluto. Seu caminho está traçado, não pode voltar atrás, nem sequer lograr a compaixão dos seres humanos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DICAS DA SEGUNDA 05


Onde estiver, escolha uma das janelas e vá até ela. Lá, fique de costas para a paisagem. Ouça os sons que vem de fora. Escolha um e imite-o, primeiramente baixinho, até sentir confiança. Assim que achar que está bem treinado, vire-se e emita o som janela à fora, o mais alto possível. Imediatamente se agache ou se esconda. Divirta-se com a delícia da molecagem. Pronto! Agora é voltar ao que estava fazendo ou começar seja lá o que for.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PROFERIDO ESTÁ 04


Contra os Intelocratas - Olavo de Carvalho, no livro O Imbecil Coletivo.

É voz corrente, se não convicção unânime entre os intelectuais brasileiros, que a produção cultural no Brasil decaiu em qualidade ao longo das três últimas décadas. A esse reconhecimento do mal não se segue, porém, nenhuma tentativa de debater e investigar suas causas e os meios de curá-lo. A constatação do estado de fato, ao esgotar-se em si mesma, torna-se resignação fatalista ou cinismo complacente. Isto mostra que, na vida cultural brasileira, o que decaiu não foi somente a produção — a manifestação exterior —, mas a motivação íntima, o nível de comprometimento dos intelectuais e artistas com os valores que nominalmente legitimam sua atividade.

Texto completo: http://pt.scribd.com/doc/58711149/13/CONTRA-OS-INTELOCRATAS-85

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DICAS DA SEGUNDA 04


Em algum momento do dia, lembre de levantar a cabeça. Olhe para cima e explore o que vê por algum tempo. Volte ao que estava fazendo. Desconcentrou-se? Muito bom! Vá pegar um copo com água. Beba gole a gole, “mastigando” a água. Enquanto bebe, procure perceber/sentir o seu coração batendo – a pulsação do sangue nas veias. Ao fim, encha novamente de água o copo. Não beba. Simplesmente jogue a água fora, vagarosamente. Se, após isto, sentir ânimo para voltar ao que estava fazendo, volte e se observe nas possíveis mudanças de estado de espírito. Caso não se anime a voltar, dê as costas ao que estava fazendo e comece seja lá o que for.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PROFERIDO ESTÁ 03


Por Nise da Silveira:

A sombra, em sentido psicológico, faz parte da personalidade total. As coisas que não aceitamos em nós, que nos repugnam e que, por isso, reprimimos, nós as projetamos no outro, seja ele o nosso vizinho, o nosso inimigo político ou uma figura-símbolo, como o demônio. E assim permanecemos inconscientes de que as abrigamos dentro de nós. Lançar luz sobre os recantos – as sombras – tem como resultado o alargamento da consciência. Então, já não é o outro quem está sempre errado, Descobrimos que frequentemente a “trave” está em nosso próprio olho. Quanto mais a sombra for reprimida, mais se tornará espessa e negra.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DICAS DA SEGUNDA 03


A grande maioria de nós possui duas mãos com cinco dedos em cada uma, totalizando dez dedos. Pois bem, lave as mãos e enxugue-as. Em pé, coloque suas mãos, com as palmas voltadas para si, diante dos seus olhos. Dirija o olhar para cada um dos dedos, partindo do dedão da mão direita e indo até o dedão da mão esquerda; depois faça o movimento inverso, da esquerda para a direita. Feche os olhos, inspire profundamente e solte um latido qualquer. Ouça o som que emitiu. Abra os olhos e visualize as mãos. Feche as mãos e dê três batidinhas (soquinhos), uma na outra. Depois disto, leve as mãos fechadas e as apóie na cintura, mantendo os braços armados (como asas de xícara). Abra as pernas, solte o quadril e, enquanto chacoalha os ombros, repita três vezes: Muito Bem!!! Relaxe os braços e com os dedos distribua coçadinhas leves pelas nádegas, púbis, genitais, barriga, peito e costas. Relaxe. Feche as pernas e traga novamente as mãos para diante dos olhos. Repita a sequência do direcionar o olhar para as pontas dos dedos. Feche os olhos e inspire profundamente. Repita o latido. Abra os olhos e dê uma lambidinha em cada palma da mão. Lave as mãos novamente e comece seja lá o que for.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PROFERIDO ESTÁ 02



Por Juddu Krishnamurti, em O Homem e seus Desejos em Conflito.

O Eu não está contaminado pela sociedade; ele próprio é a contaminação. O "eu" (fruto do pensamento) é uma coisa que se formou pelo conflito, pela inveja, pela ambição e o desejo de poder, pela agonia, o sentimento de culpa, o desespero. E pode esse "eu" dissolver-se sem conflito? O próprio ato de perceber inteiramente esse processo constitui a sua dissolução, não se precisa fazer esforço nenhum para dissolvê-lo. Perceber uma coisa venenosa é abster-se de tocá-la.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dicas da Segunda 02


Tire o sapato, as meias e o cinto (se houver um) ou desabotoe a calça ou saia e deite confortavelmente em seu local de dormir. Feche o olho direito, e com o esquerdo explore a visão que tem do espaço. Feche o olho esquerdo e, agora, explore com o direito. Feche ambos os olhos e inspire profundamente. Sem expirar, levante as costas e sente-se. Expire lentamente. Escolha uma direção qualquer para sua cabeça e abra e feche rapidamente os olhos. Tente lembrar do que viu. Repita isto por sete vezes, em direções diferentes. Inspire profundamente e retenha o ar. Deite-se novamente e expire lentamente. Abra os olhos muito lentamente enquanto junta as palmas das mãos sobre o tórax. Com os olhos já abertos, bate palmas na seguinte sequência. Uma vez, três vezes, sete vezes e onze vezes. Expire profundamente e ao inspirar, levante-se também lentamente. Em pé, dê três pequeníssimos pulos e cantarole o trecho de uma canção que você gosta (não se incomode se a calça, ou saia, ou etc, cair – aproveite e divirta-se com isto). Depois disto, comece seja lá o que for.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PROFERIDO ESTÁ 01


Por OSCAR WILDE, em A Alma do Homem sob o Socialismo.

A maioria dos homens arruína suas vidas por força de um altruísmo doentio e extremado - são forçados, deveras, a arruiná-las. Acham-se cercados dos horrores da pobreza, dos horrores da fealdade, dos horrores da fome. É inevitável que se sintam fortemente tocados por tudo isso. As emoções do homem são despertadas mais rapidamente que sua inteligência; e, como ressaltei há algum tempo em um ensaio sobre a função da crítica, é bem mais fácil sensibilizar-se com a dor do que com a idéia. Conseqüentemente, com intenções louváveis embora mal aplicadas, atiram-se, graves e compassivos, à tarefa de remediar os males que vêem. Mas seus remédios não curam a doença: só fazem prolongá-la. De fato, seus remédios são parte da doença.

Buscam solucionar o problema da pobreza, por exemplo, mantendo vivo o pobre; ou, segundo uma teoria mais avançada, entretendo o pobre.

Mas isto não é uma solução: é um agravamento da dificuldade. A meta adequada é esforçar-se por reconstruir a sociedade em bases tais que nela seja impossível à pobreza. E as virtudes altruístas têm na realidade impedido de alcançar essa meta. Os piores senhores eram os que se mostravam mais bondosos para com seus escravos, pois assim impediam que o horror do sistema fosse percebido pelos que o sofriam, e compreendido pelos que o contemplavam.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dicas da Segunda 01


Pegue um copo com água e uma xícara com café. Coloque-os em sua frente, sobre uma mesa ou similar. O dedo do meio da mão esquerda, mergulhe no café; o da direita, mergulhe na água. Feche os olhos e descreva seis círculos no céu da boca, com a ponta da língua; três para a esquerda e dois para a direita. Relaxe a língua e inspire profundamente. Retenha o ar por alguns segundos. Pisque rapidamente vinte e uma vezes e solte o ar lentamente. Mantenha os olhos fechados e retire os dedos do café e da água. Sinta a temperatura. Leve, ao mesmo tempo, os dois dedos à boca. Chupe-os. Abra os olhos e veja o que está para além da janela. Tome sete goles da água e três do café, observando a paisagem. O restante da água, verta num vaso ou na terra. O café, verta sobre os pulsos, e depois, esfregue um no outro levemente. Lave os pulsos em água corrente, enxugue-os e pronto, comece seja lá o que for.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

AGIR

O buraco é muito largo e não cabe dentro (do peito).

Dentro muitas coisas se acumulam (no peito).

Acumulam abstratas sensações inclassificáveis (pelo peito).

Inclassificáveis, patológicas se mostram (ao peito).

Mostram a característica do que ocorre (na mente).

Ocorre desde há algumas horas (pela mente).

Horas onde a consciência largou o leme (à mente).

Leme frouxo, buraco grande (da mente).

Grande espaço para fina percepção (do corpo).

Percepção aliada do centro (no corpo).

Centro que é eixo (do corpo).

Eixo da ação (pelo corpo).

domingo, 7 de novembro de 2010

SOLITUDE


Ouvindo-me, escuto a humanidade inteira.
Vendo-me, enxergo-a completamente.
Sentindo-me, inteiramente, liberto-a.
Liberta, completa, esquece-me - morro.
Esquecido, exerço-me livre e completamente - vivo.
Mesmo tendo esta aparência incongruente,
É assim que se dá o fato, em si.
Mesmo sendo assim que o fato se dá,
Temos a incongruente sensação de assim não ser.
Em sendo ou não, a questão fica posta, aqui,
Em pleno título.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010

UM BRASILEIRO






Ave Migrante cheio de graça, o futuro é convosco,
Bendito sois vós entre os humanos
E bendito seja o fruto de vosso ato, a miscigenação.
Santo Migrante, mãe e pai de todos,
Rogai pelos tais senhores “donos da verdade”,
Agora e na hora de nosso migrar!
Axé.

“UM BRASILEIRO” conta a história do “José João da Silva”, um migrante radicado em São Paulo, que, após enfrentar inúmeras dificuldades, vive um grave momento de crise onde o suicídio se apresenta como sua única alternativa. Neste momento crucial lhe acontece uma revelação transformadora. Devido a ela, não mais se vê como fracassado e vítima, mas se compreende como o forte e especial que, apesar de todas as graves dificuldades, vence em força.

A força do “Zé João” tem sua origem em sua história e seus conteúdos pessoais, e que é o seu maior tesouro, com a qual impregna tanto seu dia-a-dia como suas ações e realizações junto à sociedade a sua volta. Revê memórias e as emoções que carregam, atualizando-as pelo viés da revelação, encontrando-as construtivas, amorosas, felizes. Seu olhar passa a ser o do observador consciente de seu papel, que mantém e fortalece sua capacidade inteligente de refletir a cultura diferente pelo viés da lucidez, criatividade, inteligência e bom humor. Desta forma “Zé João” se reconstrói e se reidentifica – liberta-se!
O espetáculo se debruça sobre a questão daqueles que migram para as grandes cidades e passam a contribuir para a formação e desenvolvimento humano, social, econômico, estrutural e cultural dessas cidades. Partimos da idéia de que o protagonista não é um coitado e sofrido, como normalmente é considerado o migrante que não conquistou poder econômico ou social. Nosso intuito é mostrar que o migrante traz de sua região de origem a força e os conteúdos que o fará conquistar seus espaços na nova cidade. Isto representa a chegada de força, amor, fé, esperança e trabalho que são fundamentais para a formação da multifacetada realidade cultural e humana das cidades.
A proposta é que “Um Brasileiro” se comunique através de um lugar onde a razão não seja o filtro principal, mas sim a emoção e as intensidades subterrâneas desta personagem que encontra o caminho da expressão inteira e espontânea, conduzida pela urgência da felicidade lúcida e inteligente.
RUBENS CURI


Viver em um “lugar” onde o sonho é a única coisa que temos é algo muito perigoso, pois olhar para o futuro e não ter a certeza se o sonho me será dado num outro dia... Eita!!
Mas de novo sonho...
Um sonho de garoto, de garoto ansioso que não deixa de viver o sonho que no futuro será a realidade.
Pois é, os dias passam e não vemos... só sonhamos... sonhamos... sonhamos... Até que...
Através do Teatro a realidade me é dada de presente.
Com este trabalho, “Um Brasileiro” ganho conhecimento, resgato minha cultura, fortaleço minha profissão, aprendo humildade, exerço reconhecimento e o mais importante, convivo com a amizade, que não é pouca.
O espetáculo “Um Brasileiro” sou eu, como tantos outros brasileiros que procuram soluções para suas dificuldades. Neste caminho, encontro o eixo e a fé na realização do amor por tudo aquilo que faço. Acredito no espetáculo como uma forma de comunhão com todos os que, como eu, saíram de suas terras em busca do sonho, de melhores condições de vida, e que trazem consigo a coragem, a fé, a esperança e seu melhor tesouro, que são suas origens, suas histórias e a de seus pais, avós, bisavós, de suas cidades, povos, regiões; suas lendas e crendices, suas infâncias, suas juventudes, suas velhices, suas sabedorias, inventividades, criatividades...
MAURÍLIO DOMICIANO


Me servindo de Bertold Brecht:
“Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros?...”
Nossas histórias sempre foram escritas do centro para a periferia, do maior para o menor. “Um Brasileiro” quebra este paradigma e só por isto, já é ousado.
SERGIO CARVALHO DA FONSECA


Direção: RUBENS CURI
Elenco: MAURÍLIO DOMICIANO
Texto: SÉRGIO CARVALHO DA FONSECA e RUBENS CURI
Cenografia: DANIELA THOMAS
Iluminação: DAVI DE BRITO
Figurino: CLAUDIA SHAPIRA
Trilha Sonora: RUBENS CURI
Criação e Projeto Gráfico: VINÍCIUS PRADO
Fotografia: MICHELA BRÍGIDA RODRIGUES
Produção: MAURÍLIO DOMICIANO
Assistente de Produção: ANA PAULA DE FARIA e JORGE MELO
Assessoria de Imprensa: ANA PAULA DE FARIA
Costureira: CLEUZA AMARO DA SILVA

sábado, 24 de abril de 2010

OBESA CULPA


Você precisa fazer uma coisa; uma coisa que você disse que faria – e disse, movido pelo real desejo de fazer.
Todos os dias você lembra do que tem para fazer – e não faz.
Por não fazer, o desejo vai se transformando em dúvida, alimentada pelo medo.
Todos os dias você lembra – e não faz.
Por não fazer, sofre.
Sofre, todos os dias, um sofrimento que aumenta em peso e tamanho – engorda.
Grávido de um desejo obeso, você, todos os dias, lembra do que tem para fazer – e não faz.
E não faz, e não faz, e não faz...
E pesa, o obeso – dentro, por dentro, lá dentro.
E oprime, o obeso.
E tudo vai ganhando obesidade.
E tudo engorda.
E engorda, a cria.
Até que nasce... e não é obesa.
Ah, obesa e a obrigação de fazer?
Não! Obesa é a culpa, que se nos apresenta inicialmente aguda e fina, feito lâmina e que depois, colocada para dentro, engorda e se torna grave, feito um imenso peido entalado.

"UM BRASILEIRO" no SESC Consolação

segunda-feira, 12 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SENTE-SE



SENTE-SE!
NÃO?
SENTE-SE, SIM!
IMANANDO – EMANANDO!
...
VIU SÓ COMO SE SENTE?

sexta-feira, 19 de março de 2010

10:30 de 19-03-2010



DEZ Horas e Quarenta e Três Minutos do Dia Dezenove de Março de Dois Mil e Dez.
Dia Dezenove de Março das Dez Horas E QUARENTA e Três Minutos do Ano de Dois Mil e Dez.
Ano de Dois Mil e Dez do Dia Dezenove do Mês de Março das Dez Horas e Quarenta E TRÊS Minutos.
Quarenta e Três Minutos das Dez Horas do Ano de Dois Mil e Dez de DEZENOVE de Março.
Quarenta e Três Minutos do Ano de Dois Mil e Dez das Dez Horas do Dia Dezenove DE MARÇO.
Março do Ano DE DOIS Mil e Dez das Dez Horas do Dia Dezenove dos Quarenta e Três Minutos.
Três Minutos dos Quarenta das Dez Horas do Dia Dezenove de Março do Ano de Dois MIL e Dez.
Ano de Dois Mil E DEZ do Mês de Março do Dia Dezenove dos Três Minutos dos Quarenta das Dez Horas.
Bom Dia! Bom Dia! Bom Dia!...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ESTADOS ABSTRATOS



Quando, ponto, estamos, vírgula, assim, travessão, suspensos em estados abstratos, ponto e vírgula, socorro, ponto de exclamação, é hora de deixar ir e vir, abre aspas, tudo, ponto de exclamação e fecha aspas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

DESNORTE




Sem remo e sem rumo. Vige Santa que farol não tem.
O leme? Imagino que exista.
O mar? Lá, aí, aqui e acolá, dá prá ver, sentir e não alcançar nunca - nem no talvez e nem no quem sabe.

Sem rumo e sem remo. Ai que a bússola sumiu.
Proa e popa? Discernir não consigo.
O mar? Lá, aí, aqui e acolá, dá pra molhar, salgar e prá não chegar nunca - nem no talvez e nem no quem sabe.

Remo Farol Rumo Bússola Proa Popa Leme – direções sentidos – Lá Aí Aqui Acolá.
Onde o mar? Nem no talvez e nem no quem sabe, mas é certo que onde imagino exista e não dá pra chegar – por enquanto ao menos...
Ao mais, hoje, é aceitar o convite do Manoel e do Anselmo, para tomar uma ali no bar do Beto.
E vou! E fui! E voltei! E é certo que o mar existe e dá pra chegar - com ou sem rumo, remo, bússula, pois afirmo que lá, aí, aqui ou acolá o norte em linha reta é um desnorte só!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

LILI LIRILI LILILI LÓ E LÁ


Lili lirili lilili ló e lá. Este foi o som que pulou de uma singela mensagem de e-mail.
Pulou e agitou o sono fazendo despertar para o nossa-esqueci-do-blog!.
Eita que esqueço e lembro, lembro e esqueço.
Eita dança do renascimento e ressurreição.
Eita que surpresas causa a mim este vai e vem de meu existir que adora inexistir.
Doido de jogar pedra – aqui me defino – Mas Ói, ói! Não gosto de pedras vindas velozes em minha direção. Doem pra lá da conta! Aviso aos navegantes que é o dito acima apenas uma expressão aliás, muito comum, e dela me utilizo apenas para dizer que sou doido e só/tudo isto – sem aquelas coisas de pedra, algema, camisa de força, choque elétrico, sossega leão, e assim por detras.
Ops! E lá me vou a descolar de mim a memória que aqui me trouxe - Ops, pega, puxa, vem cá!
E voilà:
Lili lirili lilili ló e lá – Valeu, linda menina de face renascentista e alma contemporânea!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cocô com sementinhas

Ah! Que lindo! Na minha janela um cocozinho de passarinho, repleto de sementinhas!!!

terça-feira, 28 de julho de 2009

+ AS HORAS E A BENÇÃO

E TEVE MAIS:

Horas testemunhando a força, vigor, alegria de alma, generosidade de uma moça linda, a Izaura, de 77 anos, que estava ali, sempre presente, constante, confiante, vibrante e distribuindo beijinhos amorosos, comentários lúcidos e poéticos e sorrisos de covinhas. Isto sem falar nas belíssimas cenas que presenciei, onde ela, debruçada sobre ele, bem juntinho e entre carinhos e beijinhos, sussurrava coisinhas que só os dois compreendiam (e o universo todo ouvia)!

AMO e repito: HORAS MINHAS, NOSSAS, VOSSAS! VIVAS!

AS HORAS E A BENÇÃO

HORAS (com Adir)


Caótica estas últimas duas semanas, hein!!!
Que saibamos permitir ao caos e seus “rearranjos” vitais (embora por vezes desconfortáveis)!

Quanto a mim, na parte “saúde” do caos, aprendi prá caralho ao passar uma noite com meu pai hospitalizado, recém operado, todo entubado e tendo delírios e confusão de memória.

Horas eu era o Jorge Fatuch, seu amigo de juventude, e tinha 88 anos.
Horas eu era o Rubens, este aqui (eu acho).
Horas eu era um completo desconhecido que não o deixava ir para casa, avisar a esposa que estaria preocupada com sua ausência.
Horas eu era o amigo, ajudando a limpar sua bunda, e a quem ele dizia: Estou passando por uma fase muito difícil, meu amigo, mas vou sair dela logo, logo!
Horas ouvindo-o render graças aos cuidados de todos que estão à sua volta: as enfermeiras, minha mãe Izaura, minha irmã Leila, à acompanhante de seu colega de quarto...
Horas sem ouvir um palavrão, reclamação vitimizada, xingamento ou silêncio martirizante.
Horas embalado pela poética do menino de 82 anos, brincando de fazer esculturas com a coberta, empurrando a cama para tentar escapar sem ser percebido, contando histórias de uma vida inteira – sempre e a todo o momento dizendo: É uma benção, meu Deus! É uma benção!
Horas ouvindo-o descrever a bela chácara que estava vendo, em seu delírio, e também as lindas propagandas que descrevia estarem pelas paredes. Teve também o horizonte colorido, bem na linha que divide a parede e o teto – tão belo quanto um bom Van Gogh.
Horas com um homem forte e emocionado que, por contingências óbvias, é meu pai.
Horas sem saber quem era eu, para ele.
Horas sem se importar com isto.
Horas vendo, sentindo e ouvindo sua essência – a dele – se exercendo.
Horas em que aprendi o real estado de relação entre duas pessoas, onde a consciência e memória estarem presentes é o que menos importa.
Horas de comprovar o quão tolo é sofrer com o sofrimento.
Horas para testemunhar a liberdade da existência.
Horas atualizando a realidade a cada novo momento, delírio, fato, encontro e desencontro.
Horas: Uma Benção, Duas Bênçãos, Dez Bênçãos, Muitas Bênçãos!
Horas em que a vida me mostrou ser ela infinitamente maior do que a morte, do que os laços sanguíneos, do que os desconfortos físicos...
Horas onde o amor incondicional passeava sem a menor necessidade de conivência consciente de qualquer um de nós que estávamos ali.
Horas abençoadas e libertárias!
Horas minhas, nossas, vossas!!!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

CLAREAR

E vocês derivam a acreditar que seja verdade? Não gargalho, mas rio, do verbo rir. E contextualizo que é no sentido/estado do rio, aquele que corre do leito a cima ao leito a baixo, sendo que cima e baixo são infinitamente múltiplos daquilo que poderiam significar àqueles dos vós que se predispõem a acreditar.
Pois bem, continuando, rio rindo-me, tanto de mim (e principalmente) como de vocês adoráveis mitos míticos fetichizados.
O verbo acreditar é cunha propulsora neste momento o de agora (apenas, por enquanto) para que eu deleite o fato/ato de suas crenças na existência de uma verdade que se propõe ter continuidade.
Qual o que, amados! É tudo oposto/oponente da eternamente verde verdade. E não me refiro "à" mentira. Não! Esta é outra coisa, muito diferente e fora do este âmbito, o meu de agora (ágora).
O que quero dizer, didaticamente falando, é que, psiu!, oi!, não é o que lhes chega. Não! É o que lhes vai de encontro.
Agora rio-me de mim, pois propus didática e emaranhei-me na teia do barroco viés. Mas desavergonhadamente me resgato (acho) e digo: Foda-se! Ai que "dilicia"!
Pois bem, então, é assim: acredite quem quiser e quem desquiser, pois, além de dar no mesmo, mantém viva a existência disto que combinamos cognominar CULTURA!
Olha eu rindo de novo... Minto! Não rio! Não escorro! Não verto em leito! Apenas, ufa, gargalho...
E assumo que não é por fora, mas por dentro - um dentro que em sendo dentro, chora às gargalhadas!
E sigo, num continuo divertir-me. E seguem, num continuo acreditar-me!
Brindes façam a Machado de Assis e sua "Igreja do Diabo"!