terça-feira, 23 de abril de 2013

SOLIDÃO HUMANA




Ultimamente, antes de mergulhar nas ondas, vagas e tsunamis vindas dos diversos (na maioria das vezes 2) lados de uma questão levantada pela mídia como verdadeiro bastião da discórdia,  promovendo indignações de lá e de cá, pergunto-me: a que responsabilizar por isto? Uso o pronome "que", posto que acredito alguns ou muitos quens só poderem ser um "o que", uma coisa, uma organização, uma instituição, uma classe, uma tribo, gueto, comunidade... com uma boca enorme, uma língua frenética e muito, muito pouca eficiência cerebral e valorosidade cardíaca 

Ninguém tem razão e todos têm razão. Na contenda entre as razões, seus pífios e inflamados guerreiros investem um contra o outro até a morte de um deles - com direito a colocar o pé em cima e urrar a vitória. Da luta, o resultado? Apenas vencer! Daquilo que se defendia, os resultados? Mais guerra, claro!, pois sempre haverá a "família" e os confrades do morto X a família e os confrades do algoz (vencedor)! Ah, e tem também a legião de indignados, que, temerosos de que o conflito invada seus doces, confortáveis e seguros territórios, passam a bocarrar e linguadibnar muito mais do que aqueles mais próximos ao fato em si. E assim vamos construindo nossa civilização e sociedades, apenas mais sofisticadas e complexas, mas tão próximas, na reação de seus íntimos, àqueles que os cultos e civilizados chamam de primitivos ignorantes.

E eu me perguntando: O que responsabilizar por isso? A resposta não surge, mas sou acometido por um olhar grande e longo, que, num átimo, e sob a égide de uma capacidade misteriosa de síntese, coloca sob minha visão a história toda desta nossa tão cara humanidade; o tempo de vida possível para cada indivíduo humano, em contraponto ao tempo de existência da humanidade; a soma incalculável de todos os que desde o advento do homem na Terra já viraram pó (ou cinzas); os todos de nós em seus cotidianos neste exato momento; os poucos considerados grandes e influentes emparelhados com enorme massa de comuns viventes; as revoluções; as chamadas conquistas do pensamento humano; a quantidade de coisas já feitas pelas mãos de cada um dos bilhões de seres humanos de todos os tempos, seus orgasmos, suas sempre mesmas trajetórias físicas, que vão do feto ao cadáver inevitável...

Sinto peso e tristeza. Afundo levado pela âncora amarrada no centro de meu cérebro. A corda que a amarra? O esforço para encontrar uma explicação e uma saída. Fico sem ar, debato-me contra as paredes de minha caixa craniana. Sem ar e sem forças, sei que irei morrer. Desisto. Aceito a morte que chega. Entrego-me.

Subitamente meus sentidos me chamam e eu me dou contas das coisas em meu estúdio, dos sons que chegam da rua, do vento que entra pela janela, do cheiro e do sabor dos amendoins que eu estava comendo sem sequer ter me dado conta de como vieram parar em minha mão. Então não morri? Morreu!, um pensamento me diz. Pois bem, então morri, mais uma vez. E fui ler o que escrevi aqui. E me dei conta de que em momento algum a Natureza teve participação em minha visão. Só havia gente, homens, humanidade. Afora estes, nenhum outro animal, ou vegetal ou mineral. Sem terra, sem fogo, sem água, sem ar. Sem montanhas, planícies, vales, mares, oceanos, lagos, nuvens... Ah, de quanta solidão a humanidade se cercou! 

E foi assim que a resposta se me deu!