terça-feira, 4 de novembro de 2008

VICE-VERSA



Feio. Muito feio. Feio mesmo. Este era ele. Sim, era, pois tudo mudou, e belo, muito belo, belo mesmo, ficou. Foi muito rápido e surpreendente, até para ele o autor ator da façanha. Deu-se que cansou, cansou de ser feio, muito feio, feio mesmo, e se quedou janela abaixo devido a isto – ao cansaço, é claro!
Que os senhores e senhoras não se precipitem pela cabeça a murmurar conclusões, pois há que se cautela ter, ainda mais no caso este em particular onde a solução da feiúra em vida pode sussurrar sugestões de beleza em morte. Se bem que perto disto estamos, penso, pois o fim da história, esta, ainda não sei – sequer sua trama. Mas, sigo e escrevo que foi assim, de repente, do dia para a noite – e o foi, posto que dormiu feio e acordou belo.
A janela? No sonho! Através dela, em desespero, jogou-se, vindo em lágrimas do diante do espelho – o que se deu em menos de seis segundos. Sim! Rápido assim! Vejam: o espelho está ao lado da janela e o andar é o sétimo: parará, pirirí, pum, pá estatelado está. Tudo consumado estava, no sonho, ao menos até esta parte da história, desta onde acordou belo, muito belo, belo mesmo – irreconhecível.
Perguntavam todos a todos: Sabe quem é aquele? Todos respondiam: Não! E todos, ainda estupefatos, diziam em tom de glória e horror: E ele, sim, ele, aquele feio, muito feio, feio mesmo! Todos e todos burburinharam em quase histeria até que ele, sim, ele, o ex-feio atualmente belo resolveu revelar que não sabia como aquilo se havia dado; e contava, contava, à exaustão, a história do tal sonho, e que acordara assim belo, muito belo. E a cada nova repetição, todos exclamavam: Belo mesmo!!!
Este leva e trás, diz-que-me-diz, falatório, zum-zum-zum, durou para mais de quase um ano, ou seja, quase dois. Enquanto ralentavam os comentário, aceleravam-se as pesquisas científicas. O mundo estudou o ocorrido. E ele, assim como outros tantos feito uma onda efeito cascata dominó, cada vez mais belo, muito belo, belo mesmo.
Hoje, já se sabe que mistérios não há nesta história. Hoje, já sabemos que coisas estas são normais, banais, corriqueiras mesmo. Não é? Hoje, dormir feio e acordar belo é o que há de mais elementar. Hoje, o problema questão senão está em decifrarmos o terrível dormir belo e acordar feio. Hoje, pasmem, quase ninguém quer dormir. Hoje grassa o medo em noites abismos infernais.
Pois é, vejam só como tudo ficou! Mas, pois sempre há um mas (e ainda bem), pasmem novamente os senhores e senhoras: Nós, eu e ele, aquele, o ex-feio, o já desde há muito falecido belo, reencarnamos! Sim, e com consciência o fizemos – coisas destes novos surpreendentes tempos. Hoje? Cada um de nós causa provoca atiça horror e idolatria, tal como ele àqueles tempos. E isto por questão não fazermos quanto ao vice ou versa; por dormirmos mesmo assim, sendo feio, muito feio, feio mesmo ou belo, muito belo, belo mesmo. Vejam só, senhoras e senhores, a que termo chegou a história.
Bons sonhos à todos!


P.S.: Alguém disse que este isto não tem nada a ver com aquele aquilo? Disse? É mesmo? Sei!

Um comentário:

Anônimo disse...

tudo bem? gostei muito. achei meio difícil, mas faz pensar. é bem diferente!